SÃO JOSÉ DO RIO PRETO, SP, 31 de outubro (Folhapress) - A Cetesb e a Polícia Militar Ambiental estimam que ao menos duas toneladas de peixes já morreram com a contaminação causada pelo melaço de açúcar produzido após incêndio em um armazém do produto em Santa Adélia (371 km de São Paulo).
O melaço não foi contido e atingiu o rio São Domingos. De acordo com as autoridades, a mortandade é causada porque o melaço retira todo o oxigênio da água. A preocupação agora é com a contaminação do rio Turvo, onde existem mais peixes, segundo a polícia.
Ontem, a polícia coletou 277 quilos de peixes mortos em duas horas. Medições feitas pela Cetesb ao longo de 60 quilômetros do rio apontam que a presença de oxigênio é zero. A polícia calcula que serão necessários 30 dias para recuperação da vida aquática.
O rio Turvo é um dos maiores da região noroeste do Estado de São Paulo. Ele passa por 21 municípios e deságua no rio Grande. Sua água é usada para irrigação das lavouras de cana-de-açúcar e laranja, e também na atividade industrial. A vida aquática é grande e serve para turismo.
"Esse tipo de acidente chama a atenção para a falta de proteção desse rio tão importante em uma região tão pobre de recursos hídricos", disse Samir Barcha, diretor técnico do Laboratório de Geologia Ambiental da Unesp de São José do Rio Preto (438 km de São Paulo).
"Vamos continuar monitorando a qualidade da água e a recuperação da cidade. Na semana que vem já devemos ter a dimensão dos estragos e definiremos as multas a serem aplicadas", disse o engenheiro da Cetesb José Mário Ferreira de Andrade.
Controlado
O incêndio no armazém de açúcar foi controlado seis dias após o início do fogo, na última sexta-feira. Vinte e oito mil toneladas de açúcar foram derretidas e viraram melaço. O líquido pastoso e em alta temperatura vazou, entrou pelos bueiros e se espalhou, provocando a contaminação do rio.
Dezessete pessoas de quatro famílias vizinhas ao armazém tiveram que deixar suas casas por segurança. Elas foram alojadas em um hotel e passam bem. O Corpo de Bombeiros usou 4 milhões de litros de água para combater o fogo e recortou a cobertura do armazém para agilizar o resfriamento do material derretido.
Medidas de contenção do melaço foram adotadas na cidade. O produto agora será retirado pela empresa responsável pelo armazém, a Agrovia. Segundo a assessoria da empresa, uma empresa especializada foi contratada para fazer o levantamento dos danos ambientais e propor medidas para recuperação.
Os prejuízos ainda não foram contabilizados. As 28 mil toneladas de açúcar queimadas, estavam seguradas, e custam no mercado cerca de R$ 25 milhões. O armazém, que também tinha seguro, recebia a produção de 10 usinas da região. Agora elas estão utilizando depósitos de parceiros da empresa para estocar açúcar.
Fonte: diariodosudoeste.com.br
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