quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Que Belo Presente...Sonho mais que Realizado

João Pedro, meu filho mais velho, é apaixonado por pescarias, meu parceiro fiel desde os 5 anos de idade. O Paulo, meu sogro, grande companheiro, havia prometido a ele uma viagem de pesca à Amazônia como presente de aniversário.
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É claro que eu também iria… Buenas… Saímos de Porto Alegre em um domingo, 6 h da manhã. Após 10h de vôo, com escalas em Curitiba, Maringá, Campo Grande, Cuiabá e Porto Velho, chegamos a Manaus. No dia seguinte, novamente às 6h, nós e o restante do grupo (15 pessoas) voamos em 2 aviões turbo hélice em meio a um temporal até a cidade de Nova Olinda do Norte, sudeste de Manaus.
Pista de terra… Dali, um ônibus Marcopolo com pelo menos 30 anos nos levou até a cabeceira do Canal que liga o Rio Madeira ao Rio Abacaxis e embarcamos no Yanna, nosso barco hotel.
Este é o barco usado pela Ecofishing, empresa responsável pela organização da indiada. O Yanna, a partir daí, iniciou a navegação rio acima por mais 15 hs. O barco é um hotel flutuante com todo o conforto, split em todo o ambiente interno, suites, cardápio variado, ancorado (mas não restrito à) na culinária local, com direito a sashimi, carpaccio e até a um churrasquinho. Por sinal, só temos elogios à equipe que nos recebeu, da camareira ao Nestor Salomon, sócio da Ecofishing, que nos acompanhou durante todo o tempo.
Quase chegando no destino, cerca de 12 hs após a saída de Nova Olinda, as lanchas que são usadas para a pescaria são trazidas pelos piloteiros que não saíram da região e “acopladas” ao barco, que as leva junto até a localidade pré determinada para início da brincadeira. Na madrugada seguinte, e por todas as outras, 05 e meia da manhã estavamos de pé, tomávamos o café da manhã e toca pescaria até às 18:30, com intervalo e retorno ao barco para almoço entre as 11:30 e 14:30. A lancha tem capacidade para duas pessoas além do piloteiro. É toda coberta por um tecido que lembra carpete grosso, impermeável. Pode-se caminhar sobre praticamente toda ela, o que facilita muito a pescaria.
Cada lancha tem um piloteiro, normalmente um cara da região, que “lê” o rio e é responsável pela condução às àreas mais piscosas. O piloteiro é a alma do negócio. Um piloteiro que não conhece o rio é fria…Nosso piloteiro era o Julio, bisneto, neto, filho e pai de indios, um cara muito parceiro, bem mais civilizado que muitos porto alegrenses que se vê por aí. Conhecia as tocas, os peixes, as iscas, os lagos cheios de peixes dentro das ilhas, onde chegávamos com a lancha passando por lugares que aparentemente seria impossível cruzar. Este sabe! A pesca que fizemos na região do Abacaxis pode ser dividida em dois tipos. Primeiramente, a pesca com isca artificial, buscando principalmente o Tucunaré, peixe brigador, com peso variando de 400g a exemplares de até 7kg.
Do final da tarde ao inicio anoitecer, busca-se o peixe de couro, como o Surubim, Pintado, Jaú, Piraiba e a Pirarara. A lancha fica apoitada (ancorada) e pesca-se com isca de peixe, preferencialmente cabeça de piranha. Os peixes de couro são realmente grandes, podem chegar a mais de 100 kgs, de maneira que, uma vez que algum seja fisgado, a lancha deve ser liberada da âncora para seguir o peixe enquanto este leva a linha, ou a mesma vai se romper. Às vezes este processo se estende por mais de 1hora entre idas e vindas, recolhendo a linha e o bicho levando, até que se traga o peixe a bordo. A grande maioria dos peixes pescados são devolvidos ao rio, bem vivos.
Guardávamos para comer um mínimo de peixes, respeitando as medidas e as orientações do piloteiro. Por sinal, quanto maior o peixe, mais gorda e menos saborosa a carne. Melhores são sempre os de tamanho intermediário da espécie.
Basicamente, é isto aí… O melhor de tudo é a convivência em harmonia com novos e velhos amigos e a oportunidade de estar junto com um filho quando ele realiza um sonho…

Por: José Luís Krahe

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