A convite do Xico Piraguara, eu, ele, sua esposa D. Alice, seu neto Carlos Henrique e o boa praça André Gonzaga, rumamos para o rancho de sua propriedade no Rio Paracatú, na esperança de faturar muitas corimbas, piaus, matrinchãs, mandis e, quem sabe, algum dourado perdido pelo rio. A viagem foi muito boa na novíssima caminhonete S-10 do Xico, saindo de Lafaiete às 4h do domingo, dia 14, chegando ao nosso destino por volta do meio dia.
Em meio a preparativos para a pesca e a confecção do almoço, fomos dando jeito nas tralhas e cevas para iniciarmos bem a nossa jornada. Para nossa surpresa, os dias foram passando e os peixes teimavam em não aparecer. Nem as cevas compostas de sacos com farelo, milho, torta de algodão, canjiquinha e ração de coelho, adiantavam.
As famosas bolas para ceva de corimbas foram jogadas com abundância no rio e nem assim os peixes apareceram. Tentamos de tudo: pesca de barranco, embarcada, de praia, margeando o rio e, se não fossem parcos exemplares de corimbas e mandís à noite, nada teríamos pescado para o nosso consumo no rancho. A insistência do Carlos Henrique e do André na pescaria de lambaris e rolinhas ainda rendeu alguns exemplares, que foram degustados com o excelente preparo e tempero do Xico. Apesar disso, o passeio foi dos melhores, com uma amizade e integração muito grandes.
Ponto alto para a degustação das quitandas e dos pratos preparados pela D. Alice, que tem uma habilidade muito grande na cozinha. Os bolinhos de chuva e mandioca, o frango frito à milanesa, a carne moída com batata, o macarrão, o arroz soltinho, o doce de abóbora, os omeletes, a broa de fubá e muitos outros foram destaque em nossa mesa. Vale ressaltar ainda o excelente frango a molho pardo caipira preparado pelo Xico, do qual não sobrou absolutamente nada. Ficamos lá até no domingo, quando retornamos a Lafaiete, onde chegamos às 14h30 do dia 21.
Onde estão os peixes?
Essa é a pergunta que não quer calar. O que está acontecendo com nossos rios? A maioria das vezes que vamos para a pescaria, voltamos com a nossa expectativa inicial totalmente frustrada. Temos relatos de companheiros que dizem que até os lambaris estão escassos nos nossos costumeiros pontos de pesca. Várias turmas voltaram este ano de Três Marias sem pegar quase nada. É tempo de repensar. Me lembro das pescarias que fazia nos anos 70 com o meu saudoso e querido Octávio Pyramo na Cachoeira Grande em Três Marias, onde a fartura de peixes como piaus, matrinchãs e mandis era sempre uma constante. Nunca voltávamos sem o nosso sonho realizado. Talvez seja hora de uma atitude mais enérgica dos responsáveis pelo Ministério da Pesca (?????).
Talvez uma proibição por alguns anos da pesca com redes, tarrafas e adjacentes possa ser uma das soluções. Quem sabe a implantação da chamada “cota zero” para captura de peixes, tornando obrigatório o “pesque e solte” durante alguns anos, como já implantado em outros estados, possa ajudar. É urgente a punição dos poluidores dos rios, que jogam toneladas de produtos químicos e esgotos industriais nos mananciais sem que nada lhes aconteça.
Os esgotos das cidades são outra grande causa. E o desmatamento? A cada ano os rios estão cada vez mais sem árvores em suas margens e, a cada chuva, desbarranca mais, tornando-se cada vez mais rasos. E nós pescadores? Quando vamos realmente cooperar? Quando vamos deixar de matar exemplares menores que a medida mínima legalmente estipulada? Quando vamos respeitar o período de defeso?
Apesar do rigor da Lei, muitos pescadores ainda não etenderam a necessidade de respeitar a piracema e continuam praticando a pesca ilegalmente, juntando-se aos demais poluidores, predadores e trazendo por conseqüência a crescente falta de peixes a cada novo ano.
Para o pescador consciente e que respeita não apenas a lei dos homens, mas principalmente a lei da natureza, este período é uma excelente oportunidade para repensar suas atitudes, se quiser continuar a praticar o seu esporte favorito por mais tempo. São perguntas que devem povoar o pensamento dos pescadores, sem se esquecer de que, como está, a nossa prazerosa atividade está em vias de ser precocemente encerrada.
Por - José Silvestre Vieira
Como ele mesmo diz: Aposentado e Pescador
Fonte: jornalcorreiodacidade.com.br
Nota do Blog: estamos sempre alertando sobre a falta de peixes em nossos rios e lagos, se nosso Governo não fizer nada drástico não teremos mais histórias pra contar.
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