segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Onde Estão os Peixes? Segundo Episódio

Causaram grande alvoroço entre os pescadores as notícias publicadas nas duas últimas colunas de pesca. Realmente a situação está chegando a um nível insustentável. Por este motivo, merecem nossa admiração e respeito, todos os que se preocupam com o futuro de nossos rios. Só que a situação, na minha maneira de entender, é muito mais preocupante do que aparenta ser. O problema é complexo, e envolve até variantes que fogem do controle do homem. Seria bem mais simples se tudo dependesse somente dos pescadores. Creio não ser muito difícil desenvolver campanhas visando conscientizar o pescador a não praticar matança desordenada, a respeitar os tamanhos mínimos e a quantidade mencionada na lei.
Alguma coisa já tem sido feita, com bons resultados. Hoje não é novidade encontrar dentro da turma algum pescador mais consciente, que, através de seus comentários e cobrança, acaba despertando nos outros a necessidade de mudanças, visando Ao melhor para todos. Até aí tudo bem, mas olhando por outro lado, nenhuma cobrança é feita dos “profissionais”. São eles que moram na beira do rio, 24 horas por dia, 365 dias por ano. Recentemente estive no rio Paracatu. Pescando esportivamente batalhei muito para conseguir alguns peixes para tira-gosto. Enquanto isto, um “profissional” saía pescando com tarafa durante o dia e a noite colocava inúmeras redes. No outro dia estava oferecendo peixes para vender. Chegou a capturar,num único dia, 69 curimbas, muito mais que a nossa turma conseguiu fisgar em 5 dias de pescaria. 

E olha que estes ribeirinhos estão sempre lá, mesmo no período da piracema, quando a maioria dos pescadores amadores respeita e não pesca, aí sim, eles se sentem donos do rio para fazer o que bem entendem. Este é um dos motivos por que acho que o problema é bem mais complexo do que parece. A solução seria ninguém comprar peixe; sem ter a quem vender o profissional ficaria sem ação. Aparentemente uma solução possível, só dependeria da conscientização do amador. Ledo engano, quem ainda não teve a oportunidade de ver basta ir à região de Treis Marias tão logo comece o período chuvoso. Assim que a água começa a sujar, coincidindo com o período que os cardumes estão subindo o rio devido à piracema, enormes redes de arrastão são lançadas em toda extensão do rio. 

Aí sim, a matança é geral. Pescadores se gabem de apanhar em uma única noite 800 Kg de dourado, um peixe nobre, o rei do rio. Caminhões frigoríficos de Brasília encostam (principalmente na ilha do Coló) e partem para a capital federal com toneladas de peixe, a maioria pronta para desovar. Todo mundo vê, menos a polícia que deveria agir. Por isto é que não sou totalmente contra o pescador pegar algum peixe para consumo, mesmo que seja em casa, com a família e com os amigos, o que é muito bom. A quantidade, se comparada com a capturada nas redes, é desprezível. Outro fator ajuda a aumentar a dificuldade: a natureza. Sofrendo todos tipo de agressão, ela tem se manifestado de diversas maneiras. Neste ano, por exemplo, não tivemos incidência de chuvas consideráveis no período adequado. 
Consequentemente os rios não atingiram níveis altos, e hoje estão quase secos. Como exemplo o São Francisco, com o nível baixo na represa não foi feita a “lavagem” das algas, que durante todo ano fluiu lentamente pelas comportas,como consequência, o famoso “lodo” que acaba com a paciência de qualquer um, e atrapalha sensivelmente a pescaria.  
O Governo não dá bons exemplos, para se ter uma idéia, a última hidroelétrica construída em nossa região (rio Paraopeba), inaugurada em 2005, não tem escada para o peixe subir, e por este motivo é um dos locais onde existe hoje a maior concentração de redes e tarrafas na bacia do São Francisco. O problema não é de fácil solução, restando a nós, amadores que gostam da beira dos rios, fazer nossa parte e torcer para que os outros envolvidos também o façam.

Por - Ronaldo de Oliveira
Como ele mesmo diz: Pescador e Empresário
Fontejornalcorreiodacidade.com.br
Nota do Blog - Segundo Episódio: estamos sempre alertando sobre a falta de peixes em nossos rios e lagos, se nosso Governo não fizer nada drástico não teremos mais histórias pra contar.

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