O aposentado Ismael Contato, de 84 anos, que pesca há 40 anos no Rio Piracicaba, disse que neste período do ano nunca viu a vazão do manancial tão baixa. Segundo ele, nem mesmo a água escura e o cheiro forte o impedem de praticar o seu principal passatempo. Somente na tarde desta terça-feira (11), o idoso fisgou em torno de 40 peixes de pequeno porte. "É pouco em comparação com outras épocas. A situação é triste. Nunca vi o rio assim", afirmou o homem que praticava com amigos a pescaria em Piracicaba (SP).
O G1 percorreu as margens do Rio Piracicabana tarde desta terça-feira e flagrou muitos peixes mortos, além de uma coloração escura na água e até espuma ao longo do leito. Os problemas constatados pela reportagem também foram vistos pelo aposentado e seus dois amigos, que saíram de Rio Claro (SP), cidade onde moram, para pescar no município onde o trecho do rio tem a baixa vazão mais aparente.
“Agora eu não estou comendo os peixes porque a água está muito suja. Mas nas últimas semanas, quando a água estava mais limpinha, eu comia sim, sem problemas”, relatou o aposentado. De acordo com medição do sistema de telemetria do Comitê das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), a profundidade do Rio Piracicaba na noite desta terça-feira era de 90 centímetros, enquanto o normal é de aproximadamente três metros para esta época do ano. Já a vazão estava em 14,1 mil litros por segundo.
O aposentado entrevistado pelo G1 pescava às margens do Rio Piracicaba na Avenida Cruzeiro do Sul. Neste local, de acordo com a Polícia Militar Ambiental, é permitida a pesca com vara.
Conforme resolução do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), só é permitida a pesca de subsistência desembarcada em locais permitidos ou a pesca científica previamente autorizada. No período também é proibido transportar os peixes nativos e comercializar resultado da pesca de subsistência.Período de Piracema
O período da piracema começou no dia primeiro de novembro de 2013 e segue até o dia 28 deste mês. Nesta fase de reprodução dos peixes é proibido pescar em alguns locais do rio e a fiscalização da Polícia Militar Ambiental é intensificada.
O período da piracema começou no dia primeiro de novembro de 2013 e segue até o dia 28 deste mês. Nesta fase de reprodução dos peixes é proibido pescar em alguns locais do rio e a fiscalização da Polícia Militar Ambiental é intensificada.
Prejuízos ecossistema
A falta de chuvas durante o período da piracema (reprodução dos peixes) no Rio Piracicaba deve causar prejuízos ao ecossistema da região por pelo menos cinco anos, isto porque somente 15% dos peixes devem conseguir se reproduzir, conforme a estimativa do biólogo e pesquisador Paulo Sérgio Ceccarelli, do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Peixes Tropicais (Cepta). Ele afirmou ainda que os problemas na piracema refletem na falta de peixes, o que atrapalha a pesca e também toda a cadeia alimentar
A falta de chuvas durante o período da piracema (reprodução dos peixes) no Rio Piracicaba deve causar prejuízos ao ecossistema da região por pelo menos cinco anos, isto porque somente 15% dos peixes devem conseguir se reproduzir, conforme a estimativa do biólogo e pesquisador Paulo Sérgio Ceccarelli, do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Peixes Tropicais (Cepta). Ele afirmou ainda que os problemas na piracema refletem na falta de peixes, o que atrapalha a pesca e também toda a cadeia alimentar
Pior seca em 50 anos
O manancial que corta Piracicaba passa pela pior seca dos últimos 50 anos. Esta falta d'água fez com que não só as pedras do fundo do manancial aparecessem, mas também toda a sujeira acumulada. Galhos de árvores, pneus, carrinho de bebê, carcaça de televisor e até um saco de areia usado em aulas de boxe podem ser vistos em meio à fraca correnteza.
O manancial que corta Piracicaba passa pela pior seca dos últimos 50 anos. Esta falta d'água fez com que não só as pedras do fundo do manancial aparecessem, mas também toda a sujeira acumulada. Galhos de árvores, pneus, carrinho de bebê, carcaça de televisor e até um saco de areia usado em aulas de boxe podem ser vistos em meio à fraca correnteza.
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