Uma descarga ilegal ocorrida no rio Alcabrichel, Torres Vedras, alegadamente oriunda de uma suinicultura, matou cerca de uma centena de ruivacos, disse hoje a associação ambientalista Quercus, que tem vindo a repovoar o rio dessa espécie.
Paulo Lucas, dirigente da Quercus, disse à agência Lusa que uma descarga ilegal, que suspeita ser oriunda de uma suinicultura do Ramalhal, matou uma centena de ruivacos, peixes mais conhecidos por Boga do Oeste.
A associação ambientalista avançou com uma queixa contra a exploração suspeita.
Desde pelo menos 2011 que a Quercus e a Câmara Municipal de Torres Vedras têm vindo a efetuar sucessivas denúncias junto da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), pedindo o encerramento da exploração por se encontrar a operar de forma ilegal.
Contactado pela Lusa, o vereador do Ambiente da Câmara Municipal de Torres Vedras, Carlos Bernardes, adiantou que os fiscais do município já se deslocaram ao local, tendo levantado auto de notícia da infração e comunicado a ocorrência à APA.
O Serviço de Proteção da Natureza e Ambiente (SEPNA) da GNR deverá deslocar-se ainda hoje ao local.
A Lusa contactou também a APA e aguarda esclarecimentos, no decurso das inspeções efetuadas.
Desde 2009 que a Quercus tem um projeto de repovoamento dos ruivacos, espécie que esteve ameaçada.
O projeto teve início em 2009 com a recolha de exemplares, seguindo-se a realização de ações de limpeza das margens do rio e a reprodução em cativeiro destes peixes, tendo ocorrido em 2011 o primeiro lançamento ao rio de 400 exemplares, na presença da então ministra do Ambiente, Dulce Pássaro.
O ruivaco, considerado pelos cientistas como uma das cinco espécies em vias de extinção, tem vindo a ser reproduzido na Estação Aquícola de Campelo (Figueiró dos Vinhos) do Centro de Biociências.
Segundo os especialistas, habita há cinco milhões de anos o rio Alcabrichel, um dos três rios portugueses onde a espécie está confinada e começou a desaparecer devido a problemas de poluição das águas, causada pela descarga de águas residuais sem tratamento.
O escasso caudal de água nestes rios, durante o verão, cria problemas de sobrevivência para os próprios peixes.
Fonte: diariodigital.sapo.pt
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