terça-feira, 24 de setembro de 2013

Se está dessa forma teremos que Pescar Muitas

A Prefeitura de Rancharia (508 km de São Paulo) vai promover um campeonato de pesca no próximo mês para controlar o número de piranhas no balneário municipal e tentar recuperar os turistas que se afastaram do local por causa do medo de ataque dos peixes, que neste domingo (22), após meses sem nenhuma ocorrência, fizeram mais dez vítimas, entre elas um adolescente que precisou amputar um dos dedos dos pés.
O campeonato vai servir também para um estudo que a prefeitura pretende desenvolver para saber quais espécies exatamente de piranha habitam o balneário para adoção de medidas futuras, segundo Sandra Franco, 38, diretora municipal de Turismo.


 O estudo, segundo ela, foi sugerido por biólogos consultados a respeito do problema. Ela afirma que a represa é uma fonte de renda da qual o município não pode abrir mão.
 
No entorno, de acordo com a diretora, há hotéis, restaurantes e outros pontos comerciais. Na alta temporada, cerca de 5.000 pessoas visitam o local aos finais de semana para se refrescar do calor, número que se quadruplica no carnaval. Mas, devido aos ataques na água, a quantidade de consumidores vem diminuindo.
 
"Precisamos salvar esse patrimônio", diz Sandra.
 
A vendedora Maele Galvão da Silva, 18, de Presidente Prudente (558 km de São Paulo), foi uma das banhistas atacadas no final de semana. Ela conta que estava a cinco metros da margem da represa, boiando, quando um dos dedos do pé esquerdo recebeu uma mordida.
 
"Doeu muito na hora, e eu pensei: caco de vidro não pode ser porque não pisei no fundo. Nadei rápido até o barranco e, quando saí, vi que estava sangrando muito."
 
De acordo com a estudante, seus familiares a levaram até a portaria do balneário para receber os primeiros socorros. "Mas lá não tinha nada para fazer curativo. Tivemos de enfaixar o pé com uma camiseta. Um absurdo porque cobram R$ 5 de ingresso e não oferecem salva-vidas nem há placas avisando que tem piranhas."
 
A vendedora fez um boletim de ocorrência na polícia relatando o caso e vai permanecer sete dias afastada do trabalho em razão do ferimento.


 Outro lado

A diretora de Turismo afirma que as placas que informavam o risco de ataques dos peixes foram destruídas por frequentadores e não foram repostas porque a situação, ultimamente, parecia ter se normalizado. Sandra disse que, a partir desta segunda-feira (23), banhos no local estão proibidos.
 
Ela disse que a prefeitura pretende colocar redes de proteção a certa distância da margem do lago, formado a partir do represamento do rio Capivari, para evitar que os peixes se aproximem do barranco.
 
Segundo Hertz Figueiredo dos Santos, 54, biólogo do departamento de biologia da USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo), somente um estudo poderá indicar por que os peixes estão atacando. "Ali é o ambiente deles [peixes]. Quem está ali de enxerido é o homem."
 
De acordo com o biólogo, é improvável que as piranhas estejam atacando para defender seus ninhos, uma das hipóteses levantadas relatadas por estudiosos à Prefeitura de Rancharia. "As piranhas se reproduzem em aguapés, locais que não atraem banhistas."
 
O campeonato de pesca de piranha em Rancharia, previsto para o dia 27 de outubro, vai premiar os primeiros, segundos e terceiros colocados, em duas modalidades: pesca de barco e em barrancos. Quem pescar mais piranhas vai ser recompensado com dinheiro. O valor não foi definido.

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